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sábado, 5 de março de 2011

Criança é vítima de abuso dentro da escola na Paraíba

Nos dois primeiros meses deste ano, já foram registrados 125 casos envolvendo denúncias de maus tratos e abusos a crianças e adolescentes na Paraíba. Este número é superior aos do ano passado, quando foram registrados 103 casos no mesmo período de 2010, de acordo com informações da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Ontem, mais um caso de violência sexual contra uma criança chocou a população de Santa Rita, onde um menino de 9 anos foi violentado dentro da própria escola por um adolescente de 17 anos.
A população de Santa Rita está revoltada com o caso que ocorreu no início da semana, mas só ontem veio à tona. O fato aconteceu no bairro Tibiri e, segundo a mãe do menino, a diretora da escola Aníbal Limeira pediu para ela ‘abafar o caso’. O abuso acontecia, segundo relato da mãe, nos intervalos da aula e o caso já teria sido observado pelo professor do garoto, que nada contou. A criança abusada e o adolescente têm problemas mentais.
“O que me revolta é o silêncio da diretora e do professor, se fosse com o filho de um deles, tenho certeza que não ficariam calados”, disse a mãe da criança, que não será identificada para preservar a identidade da vítima. Ela percebeu que o filho andava calado e com um comportamento diferente do habitual. “Comecei a desconfiar que havia algo errado e insisti para ele me contar”, explicou. A criança, então, decidiu revelar o que havia ocorrido. “Ele me disse que foi ao banheiro e o adolescente o seguiu. Depois foi obrigado a tirar a roupa. Ele contou que houve carícias nas partes íntimas”, disse a mãe, que pede providências.
O caso foi parar no Conselho Tutelar da Região Norte de Santa Rita. O conselheiro Diego Marques de Arruda informou que recebeu a queixa da mãe da criança e imediatamente entrou em contato com a diretora. “Não acredito que houve negligência da escola”, opinou. A mãe do adolescente, segundo o conselheiro, foi comunicada do fato. “O adolescente agia com o apoio de outro menino de apenas 7 anos”, disse Arruda. Ontem, a criança foi levada ao Instituto de Polícia Científica (IPC) para fazer exame de corpo de delito para comprovar se realmente houve abuso. “Vamos aguardar o laudo para tomarmos providências”, declarou.
A diretora da escola Aníbal Limeira foi procurada pela equipe de reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, para falar sobre o caso, mas ela não quis dar declarações sobre o que teria acontecido. A assessoria de imprensa do Ministério Público da Paraíba informou que o órgão acompanha atentamente todas as denúncias sobre casos envolvendo abusos e exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado, e que aguarda notificação oficial sobre o caso de Santa Rita para tomar as medidas cabíveis.
Casos de abuso sexual crescem a cada dia na Paraíba. Os números estão no conselhos tutelares, que apesar dos registros, não conseguem refletir a realidade. Muitas crianças não contam o que acontece aos pais; e há pais que se calam diante de casos de abuso e exploração de seus filhos. Só no Conselho Tutelar Norte, no ano passado, foram 41 casos, sendo que 16 foram confirmados de abuso sexual e cinco de exploração; este ano já são oito casos confirmados de abuso e dois de exploração. Onde estão esses casos? Às vezes do outro lado da rua, no apartamento vizinho. São problemas que atingem a todas as classes sociais.
Segundos dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência República, a região Nordeste aparece em primeiro lugar no ranking das regiões brasileiras, com maior número de denúncias envolvendo maus tratos e abusos a crianças e adolescentes. No ano passado foram 564 casos em toda a Paraíba. Em relação a cada 100 mil habitantes, o percentual é de 14,98%, isso só de casos investigados a partir de denúncias do Disque 100. Desde o início do serviço em maio de 2003 até fevereiro de 2011, o Disque já realizou um total de 2.584.665 atendimentos e recebeu e encaminhou 151.130 denúncias de todo o país, atendendo a 89% de todos os municípios brasileiros.

Interior também registra crimes sexuais
Os crimes sexuais contra menores de idade acontecem não apenas nas grandes cidades da Paraíba, estão ocorrendo também nos pequenos municípios do interior do Estado. Este tipo de violência é responsável por traumatizar crianças e adolescentes, transformando essa fase de sonhos e descobertas em pesadelo. No primeiro dia deste mês, mais dois casos de abusos sexuais contra menores foram registrados nas cidades de São João do Cariri e Catolé do Rocha, aumentando uma triste estatística. Nestes casos, três adolescentes com idades entre 11 e 14 anos foram vítimas.
O crime mais grave ocorreu no município de São João do Cariri, distante 216 km da capital paraibana e revoltou os moradores da região. Um agricultor foi preso suspeito de estuprar os próprios filhos. Ele foi detido em Soledade, depois que vizinhos da família denunciaram o crime. Aderaldo Luís de Oliveira, de 37 anos, já havia sido preso e cumprido pena pelo mesmo crime. Há 15 anos, ele estuprou um adolescente de 12 anos, que era deficiente mental.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito morava com a mulher e dois filhos, um menino de 14 anos e uma menina de 11 anos e há mais de um ano, abusava sexualmente dos filhos dentro de sua própria casa. Para evitar ser denunciado, o agricultor fazia ameaças e agredia as vítimas.
Já em Catolé do Rocha, no sertão do Estado, policiais militares que atuam no município prenderam, também no começo deste mês, o desempregado Antônio da Silva, de 35 anos, acusado de ter violentado uma criança de 11 anos. De acordo com informações policiais o acusado teria violentado, por volta das 18h, um garoto que foi até o anel viário da PB-325 para fazer necessidades fisiológicas, quando se deparou com o acusado que o arrastou para o mato, sob ameaça de uma arma de fogo.
Em ato contínuo, o homem violentou sexualmente por várias vezes a criança que teve sua cabeça atolada na lama. Após o ato, o bandido fez graves ameaças, dizendo que se o garoto contasse para a polícia, iria voltar e matar ele e sua família e liberou a criança que foi para sua residência. Ambos os casos estão sendo investigados pela polícia.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, umas das formas mais eficientes de coibir este tipo de crime é denunciá-lo às autoridades, através do Disque 100. O serviço funciona diariamente, 24h, inclusive finais de semana e feriados, recebendo denúncias anônimas e garantindo o sigilo. As denúncias podem ser feitas de todo o Brasil através de discagem direta e gratuita para o número 100.
Os casos também podem ser informados pela internet, através do enderço eletrônico (www.disque100.gov.br). Os brasileiros que moram no exterior também podem acessar o serviço pelo número telefônico pago +55 61 3212.8400 e através do endereço eletrônico: (disquedenuncia@sedh.gov.br).

Fonte: Valéria Sinésio

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