“Piancó vive um dos piores momentos administrativos” Uma gestão que começou com pompas e paetês, mas chega ao seu quinto ano mal falada e desacreditada.
Mulher de verbo manso e convincente diante de um microfone, embora nos bastidores do poder carregue a fama de rancorosa e intolerante, conforme alguns dos seus ex-aliados, a prefeita Flávia Galdino (PP), quando iniciou seu governo, parecia, inevitavelmente, destinada ao estrelato político regional, mas o brilho de algumas boas ações suas foi aos poucos sendo ofuscado por outras tantas desastrosas.
Indiscutivelmente, a situação administrativa de Piancó é complicada: a prefeita teve as contas de 2005, primeiro ano de sua gestão, reprovadas pelo Tribunal de Contas e não deliberadas pela Câmara Municipal, o que torna Flávia inelegível, e responde a vários processos por improbidade administrativa, além da Ação Civil Pública contra o Município por irregularidades na realização de um segundo concurso público e o não chamamento de grande parte dos aprovados no primeiro certame.
Muitas ações e omissões de Flávia têm sido questionadas nos últimos tempos de seu governo, mas uma das principais problemáticas que se levanta, notadamente depois de sua reeleição, em outubro de 2008, é a ausência da prefeita e, muitas vezes, o que é pior, sua incomunicabilidade até com os próprios aliados.
“Eu não tenho dúvidas de que essa é uma das piores gestões do Município, porque os prefeitos anteriores também atravessaram crise, mas viviam aqui, junto com o povo, recebendo as pessoas e as entidades, mas a prefeita vive fora e, quando chega em Piancó, ela se esconde, e seu contato é apenas com um grupinho muito pequeno de pessoas”, lamenta o vereador Sousinha.
A prefeita não dialoga com a comunidade nem com as entidades da sociedade civil organizada. Falta um contato mais aproximado com o legislativo e até seus próprios aliados têm dificuldades para falar com a Doutora, cujo gabinete, nesses últimos três anos, foi o que mais tempo permaneceu fechado em toda história administrativa de Piancó, conforme o parlamentar mirim.
As ingerências administrativas internas e a dificuldade da prefeita em ouvir e atender a alguns dos seus aliados têm levado Flávia a perder companheiros históricos e importantes, a exemplo do ex-vereador Joca Brasilino; do vereador Sousinha; do empresário André Galdino, fundamental na eleição e reeleição da Doutora; e da vereadora Cotil, que, na sessão da Câmara do último sábado, anunciou seu rompimento com a prefeita, depois de décadas integrada ao grupo Galdino. Sem contar os insatisfeitos, entre os quais o próprio pai de Flávia, o ex-prefeito Gil Galdino, que não esconde sua insatisfação com os rumos atuais da administração municipal. Com a saída de Cotil da base aliada da prefeita, Flávia fica sem maioria na Câmara; enquanto a oposição soma cinco vereadores.
Paralisia e demissões Além dos inúmeros problemas administrativos já existentes, entre os quais denúncias de irregularidades em todos os setores, contas rejeitadas, concurso público anulado, atraso de salário, demissão de prestadores de serviço, inclusive garis, abandono da zona rural e nenhuma obra com recursos próprios, a prefeita criou outros, e por Decreto: desde o dia seis de outubro, Flávia determinou a suspensão de alguns serviços básicos do Município, entre os quais o transporte de estudantes universitários para Patos, a Cozinha Comunitária, o Centro de Inclusão Produtiva, o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), o Centro de Convivência com o Idoso e as repartições terapêuticas e psiquiátricas.
Conforme a prefeita, a suspensão desses serviços é em virtude da queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o não recebimento de recursos de Brasília para a manutenção de alguns serviços federais. Mas o vereador Sousinha contesta o argumento da prefeita: “se ela quisesse realmente cortar despesas, a primeira coisa que deveria ter feito era suspender os aluguéis dos inúmeros carros que existem por aí recebendo da Prefeitura e sem prestar serviço, além de outras despesas desnecessárias”, comenta o vereador.
Conforme o vereador Dr. Rato, a prefeita recebe mensalmente mais de 470 mil reais para a saúde, mas desvia o dinheiro para outros fins, especialmente para a locação de 44 carros. “A maioria desses veículos não serve ao Município, e, em vez de fechar os serviços de saúde, ela deveria ter suspendido o contrato desses carros”, enfatiza o vereador, ao denunciar também que o presidente da Câmara, Antônio Leite, tem feito do legislativo uma extensão do poder executivo para encobrir os crimes da gestora e protegê-la.
Segundo Dr. Rato, há uma representação na Câmara contra o presidente do legislativo e é possível que ele seja afastado “por não estar cumprindo com suas responsabilidades”.
Fonte de Responsabilidade da: Folha do Vale / itaporanga.net (Portal do Vale) quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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