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sábado, 23 de abril de 2011

Potencial de crescimento do NE é alvo de estudo

A região Nordeste, que vem crescendo, em média, a dois pontos percentuais acima da economia nacional, se fosse um país independente seria a 39ª economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB), a soma de suas riquezas, avaliada em R$ 416 bilhões. Atualmente, já é uma economia maior, por exemplo, que a chilena. Com 54 milhões de consumidores, o cenário da região combina atualmente uma forte mobilidade social positiva provocada pelos investimentos públicos e privados nos últimos anos, além da valorização real do salário mínimo e de políticas assistencialistas como o programa Bolsa Família.

Um amplo estudo, encomendado pela Associação Brasileira de Agência de Publicidade (Abap) à empresa de consultoria Nielsen, foi apresentado na Bahia, no início de abril, no maior evento de publicidade já realizado na região, que contou com palestras de grandes anunciantes como a Nestlé, dos diretores das empresas como, por exemplo, a Fiat e a Danone, que estão se instalando na região, e da Google do Brasil, responderam com dados e informações porque o “Nordeste, [é] a Bola da Vez”, na economia nacional.

Os dados da pesquisa desvendam ainda mais o potencial da região, que incorporou milhões de famílias nordestinas das classes D e E ao mercado de consumo devido à ampliação dos programas sociais do governo federal e da expansão do emprego formal oriundo dos grandes investimentos em infraestrutura, sob o guarda-chuva do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Além disso, a ampliação de grandes indústrias como, por exemplo, a Ambev e a Bunge, e a chegada de indústrias de marcas líderes como a Kraft Foods, Bauducco, Unilever, que ainda são alimentadas na região pela expansão das marcas regionais. Não é à toa que os maiores escritórios de consultoria do país apontam, segundo a Nielsen, que o Nordeste deverá apresentar um crescimento chinês nos próximos anos.

Mesmo reunindo os diretores de grandes anunciantes, multinacionais e de empresas que estão de olho em oportunidade de negócios na Região, o evento contou com a participação de apenas três paraibanos. Um deles foi o publicitário Lucas Sales, presidente da Abap-PB (Associação Brasileira de Agências de Publicidade, seccional Paraíba), que integrou a equipe de organização e mediou um dos debates no encontro. “Não podemos mais perder tempo. A baixa participação de paraibanos no maior evento da região é um péssimo sinal. As empresas paraibanas e os empreendedores precisam buscar mais informações para criar relacionamentos e traduzir essa nova realidade como forma de entender melhor esse novo momento que o Nordeste atravessa. De posse dessas informações, construir um planejamento estratégico para participar de forma mais intensa desse novo crescimento”, declara Lucas.

A Paraíba, que atualmente disputa com o Rio Grande do Norte a posição de quinta maior economia da região, tem projeção de crescimento, nos próximos dois anos, abaixo da média da própria região. Para 2011 e 2012, as projeções da empresa de consultoria Datamétrica, que realiza estudos do PIB, apontam que a Paraíba crescerá 3,71%, abaixo do Nordeste (5,06%) este ano e, em 2012, da mesma forma (4,24%), enquanto o Nordeste se mantém com taxa de 5,03%.

Para Lucas Sales, a Paraíba precisa refletir seu futuro na região, com as boas perspectivas e oportunidades de negócios que vão surgir. “O nosso estado ficou à margem do desenvolvimento regional durante décadas. Agora, precisamos escolher um modelo de desenvolvimento.


Precisamos ter a consciência exata do que queremos ser enquanto economia, sociedade e meio ambiente. Precisamos de um projeto que nos faça sentar à mesa, deixando de lado as diferenças e predileções. A gente precisa construir um projeto de futuro premiando o talento, a inovação, a competência e a viabilidade do seu desenvolvimento sustentável”, aponta.

O presidente da Abap-PB e também diretor da agência 9ideia acrescenta ainda que os empreendedores e empresas do estado “não podem ficar reféns de governos, pois eles passam. Precisamos adquirir uma consciência clara sobre o nosso futuro. Na Paraíba, a nossa dependência de governos é quase integral. Isso é muito ruim”, avalia.

Economista vê atração de capital privado

Apesar dos pesados investimentos em infraestruturas governamentais e chegada de empresas multinacionais à região terem sido pulverizados nos estados do Nordeste, o estudo da Nielsen captou apenas um único forte investimento nos últimos anos na Paraíba: a duplicação da BR-101, no valor R$ 2,1 bilhões, pelo governo federal. A rodovia, que faz a ligação da capital paraibana com Recife e Natal, vai intensificar com maior segurança e rapidez os negócios na faixa litorânea, impulsionar o turismo regional, vai credenciar João Pessoa para ser uma das subsedes da Copa do Mundo 2014, pela proximidade das outras sedes dos jogos (Recife e Natal).

Para o economista Martinho Campos, com exceção da Paraíba, “os investimentos em infraestrutura nos demais estados são demonstrativos de que há uma forte expectativa governamental em fazer avançar as condições econômicas nordestinas. Como os capitais privados sentem que isso é verdadeiro, estão tocados no seu instinto ‘animal’, como diria Delfim Netto, e assim estão jogando suas sobras no crescimento capitalista da região”, declarou.

Segundo o estudo da Nielsen, o Nordeste pode ser definido, sem exagero, como um “grande canteiro de obras”. Os investimentos governamentais em infraestrutura vão desde os portos espalhados na região, com destaque para o porto de Suape, em Pernambuco, que recebeu investimentos da ordem de R$ 3 bilhões, do porto do Pecém, no Ceará (R$ 423 milhões), de Aratu, na Bahia (R$ 400 milhões) e do porto de Itaqui, com R$ 240 milhões, no Maranhão, passando pela indústria extrativista da Petrobras que investirá R$ 8 bilhões, na Bahia, de R$ 3 bilhões em Pernambuco, enquanto outros R$ 5,2 bilhões chegaram ao Maranhão pela Alcoa, uma das líderes mundiais na produção de alumínio, que fez a expansão de sua refinaria, o maior projeto de uma refinaria de alumina já realizado no mundo. Há ainda o setor de ferrovia com a Transnordestina que já investiu R$ 163 milhões no Piauí.

A pesquisa destaca ainda investimentos privados que chegaram à região, mas que a Paraíba não foi contemplada. Os destaques foram a instalação da Suzano Papel e Celulose, no Maranhão, com valor de R$ 6 bilhões.

Apesar da pulverização dos investimentos privados, o estado de Pernambuco concentrou uma boa parte das empresas.

Fonte: jean gregório

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